Encontre o que você procura

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Inaldo Sampaio fala sobre eleições 2010.

Escrito por Fabiana gonçalves

22 de Janeiro de 2010 às 11:09:16

Confira abaixo a entrevista concedida pelo titular deste blog ao repórter Eduardo Irineu, do Jornal Extra de Pernambuco (Caruaru), sobre as eleições de 2010, publicada na edição de 16 a 22 de janeiro:


"Eleições 2010

Jornalista comenta como devem ficar os palanques eleitorais nos municípios de Pernambuco e avalia a disputa para o Senado como principal entrave para Eduardo Campos.



Jornal Extra – Com alta aprovação indicada nas pesquisas e o apoio aberto do Governo Federal, a reeleição, em Pernambuco, vai ser fácil, para o governador Eduardo Campos (PSB)?

Inaldo Sampaio – Ninguém ganha eleição de véspera. Em Pernambuco, já tivemos candidatos favoritos na eleição. Mas quando as urnas foram abertas, acabaram derrotados. Porém, no caso atual, se o quadro de hoje permanecer, não tenho a menor dúvida de que o governador Eduardo Campos será reeleito. Inclusive com maioria igual, ou talvez superior à da eleição de 2006, quando ele derrotou o então candidato do DEM (Mendonça Filho) por uma diferença de 1,3 milhão de votos de vantagem. Todas as pesquisas divulgadas pelos órgãos de imprensa apontam Eduardo Campos com uma dianteira de aproximadamente 30 pontos percentuais sobre o candidato mais forte das oposições, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Então, se esse quadro se mantiver, a não ser que ocorra uma catástrofe até outubro, Eduardo será reeleito sem muita dificuldade.

Jornal Extra – Mas no Primeiro turno da eleição de 2006, Eduardo obteve 1, 3 milhão de votos. No segundo, somou mais um milhão de votos do PT. Ainda no primeiro turno, Jarbas somou dois milhões para o senado. Esses números podem ser considerados para avaliar pleito desse ano como disputado?

Inaldo Sampaio – Nesse caso, temos duas coisas a considerar. O senado não tem dois turnos. Jarbas foi o mais votado dos três candidatos, derrotando Jorge Gomes (PSB) e Luciano Siqueira (PCdoB), com pouco mais de 50% votos válidos. No caso do governador Eduardo Campos, no segundo turno houve uma migração total dos votos de Humberto Costa (PT) para ele. A eleição do Senado e do governo são coisas distintas, justamente porque para o Senado não há dois turnos.

Jornal Extra – Ainda há palanque de oposição nos municípios de PE?

Inaldo Sampaio – Digo que o espaço da oposição sempre existiu e existirá. Evidente que, agora, na sua reeleição, está acontecendo com Eduardo a mesma coisa que existiu com Jarbas em 2002 - quando ele disputou o segundo mandato. Jarbas se elegeu em 1998, com 1 milhão de votos de vantagem sobre Miguel Arraes e na semana seguinte o PSDB – que lançou candidatura própria – correu para o governo dele. Em 90% dos municípios de Pernambuco existe polarização entre dois lados políticos. Na reeleição de 2002, Jarbas teve o apoio de ambos os lados em 80% dos municípios do interior do Estado. Posso dar alguns exemplos. Em Serra Talhada, Jarbas teve o apoio de Inocêncio Oliveira (PR) e do deputado Augusto Cesar. Em Arcoverde, ele teve o apoio da então prefeita Rosa Barros e dos membros da família Guerra. Vamos ver esse mesmo filme agora em 2010, com os políticos de Serra Talhada e Arcoverde juntos no palanque de Eduardo. Em São Caetano, o prefeito Jadiel - que não votou em Eduardo em nenhum dos dois turnos de 2006 - agora vai votar. O deputado estadual Esmeraldo Santos também é eleitor de Eduardo. Em Garanhuns, o prefeito Luiz Carlos (PDT), que também votou em Mendonça Filho nos dois turnos, agora vota em Eduardo Campos. Enfim, poderia citar dezenas de municípios do interior onde Eduardo será apoiado pelos dois lados. Evidente que isso dificulta a eleição de qualquer candidato da oposição.

Jornal Extra – A formação de um ‘chapão’, com partidos da base aliada pode gerar um desgaste entre os partidos na disputa por uma vaga na ALEPE?


Inaldo Sampaio – Os partidos maiores, que hoje compõe a Frente Popular (PSB, PT, PDT, PTB e o PR) vão pro ‘chapão’. Essa já é uma decisão praticamente acertada, dentro do governo. Agora, os partidos maiores, que gravitam em torno do governo, ainda estão resolvendo se é mais negócio ir para o ‘chapão’ ou se é mais vantajoso disputar com chapa própria. Esse é o caso do PCdoB, que acredita que na disputa a deputado estadual pode eleger até três representantes. Mas se for para o chapão, talvez não eleja nenhum. Os cálculos prevêem que, com menos de 38 mil votos, não haverá possibilidade de vitória. A mesma coisa acontece com o PHS, PTC, PSC, que apóiam o governo do Estado, mas não vão para o ‘chapão’ porque ficariam em desvantagem em relação aos candidatos de partidos maiores.

Jornal Extra – Como fica a disputa à Assembleia, em Caruaru?

Inaldo Sampaio – No caso específico de Caruaru, temos alguns projetos de candidaturas, com Douglas Cintra (PTB), Raquel Lyra (PSB) e Laura Gomes (PSB). Mas é provável que fiquem dois, e não os três. Não há espaço para três candidaturas. No final das contas, o vice-governador, o prefeito e o vice-prefeito vão se entender para que fiquem apenas dois candidatos com o apoio das forças políticas que estão no governo.

Jornal Extra – O vice-governador João Lyra Neto disse que somente há espaço para um candidato proporcional, à ALEPE, que represente a base do governo...

Inaldo Sampaio – Acho que tem espaço para mais de um. Caruaru tem cerca de 190 mil eleitores. Como Caruaru tem tradição de votar em candidatos da terra, mesmo se dividirmos esse número ao meio para oposição e governo, há espaço para eleição de dois deputados da base governista. Inclusive, Caruaru já chegou a ter quatro representantes na ALEPE. Acredito que Miriam Lacerda (DEM) não terá dificuldade para reeleger-se. Ainda assim, há espaço para outros dois. Deverá sair um candidato escolhido por José Queiroz (PDT) e outro escolhido por João Lyra Neto.

Jornal Extra – Para o senado, do lado da oposição, já temos os nomes de Marco Maciel (DEM) e Sérgio Guerra (PSDB). Do outro, na base aliada do governador, ainda há várias indefinições. Uma parte do PT quer o deputado federal Maurício Rands, a outra quer João Paulo. Armando Monteiro Neto já se colocou na disputa e o secretário de Estado Fernando Bezerra Coelho (PSB) também quer a vaga. O governador terá trabalho para costurar apenas dois nomes que disputem o senado pelo grupo?

Inaldo Sampaio – Vai dar trabalho sim. Até o momento, temos apenas a candidatura de Marco Maciel considerada como definida. Ele tem se colocado como candidato, sem condicionar isso a outras candidaturas. Sérgio Guerra diz ao pessoal dele que somente sai candidato à reeleição se Jarbas for candidato a governador. Se não, sai a deputado federal. Do lado do governo, acho pouco provável Fernando Bezerra sair candidato. Digo que a melhor composição política para a reeleição do governador seria com Armando Monteiro e João Paulo. Evidente que, algumas vezes, as coisas não são tão simples assim. É preciso saber a viabilidade eleitoral de Armando na área Metropolitana do Recife. É preciso saber se o PT engole a candidatura de João Paulo, já que o controle do partido não é dele, e sim de Humberto Costa - que admite até apoiá-lo ao Senado, desde que entre também na negociação, quem será o candidato a prefeito do Recife em 2012 e ao governo em 2014. João Paulo não quer discutir isso agora. Não vai ser fácil discutir esses entraves. Por isso, acredito que o governador Eduardo Campos terá muita dificuldade para fazer essa composição.

Jornal Extra – Nos últimos anos, o Nordeste tem se revelado com importância eleitoral no plano nacional. Porém, os possíveis candidatos a presidência, Dilma Rouseff (PT) e José Serra (PSDB), não são bem vistos por aqui, e também são considerados antipáticos. Eles vão ter trabalho para angariar votos nessa área?

Inaldo Sampaio – O candidato de Lula, seja quem for, deve ganhar a eleição no Nordeste. Acho a candidata Dilma muito pesada, sem jogo de cintura e bastante autoritária. Mas o fato é que o presidente gostou dela e acha que será o melhor nome para dar continuidade ao projeto governista. Não podemos deixar de reconhecer que José Serra é um forte candidato. Mas também tem algumas desvantagens. Faz dois anos que ele patina nas pesquisas, entre 37 e 38 pontos percentuais. Nem cai nem sobe. É como se esse número fosse o teto dele. Ele também terá que posicionar-se sobre a política econômica, algo que ainda não fez. Serra precisará crescer no Nordeste e Dilma no Sudeste.

Jornal Extra – E o filme sobre Lula, lançado nos cinemas do Brasil, terá efeito direto nas eleições?

Inaldo Sampaio – Assisti ao filme, na pré-estréia, no Recife. Não é um bom filme. A história é muito bonita. Mas Fábio Barreto não foi feliz ao contar a história de infância de um menino pobre que chegou a presidente da República. Criou-se uma expectativa, por parte da imprensa, de que o filme iria ‘bombar’ nas bilheterias, sendo visto por milhões de pessoas. Isso não está acontecendo. Até agora, cerca de 600 mil pessoas viram o filme. Esse é um número muito baixo para o volume de propaganda que o filme teve".



Eduardo Irineu
eduardoirineu@extrape.com.br

Um comentário:

  1. Sem dúvida que Eduardo Campos vai ser reeleito, esta é a prova que o mesmo está sendo melhor do que Jarbas e Mendonça, que não conseguiu decolar. Eduardo Campos é o resgate da identidade pernambucana.

    ResponderExcluir