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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Especial Eleições 2010

Prezados leitores, conforme divulgado segue a primeira matéria referente as propostas dos candidatos a presidência em relação a economia, a primera proposta é da candidata Marina Silva do PV.



Matéria extraída da Revista Exame edição 968 de 19/05/10.


"Precisamos de um líder, não de um gerente"

Quando o presidente Lula assumiu a Presidência, em 2003, bateu na tecla de que havia recebido uma herança maldita do ex-presidente Fernando Henrique. Que herança a senhora receberia de Lula caso eleita?

Eu não consideraria nada maldito. Durante muito tempo, fazer superávit primário era visto como coisa de neoliberal. Com o governo Lula, que continuou produzindo superávit primário, a percepção das pessoas mudou e esse conceito passou a ser visto como algo bom, que nos ajudou, inclusive, a superar a crise. Também não mexeria nas metas para a inflação e no câmbio flutuante. Não há espaço para aventuras.

Então, em termos de política econômica, não há muito a mudar?

Não. O controle inflacionário permitiu ao Brasil crescer e desenvolver políticas que tiraram 25 milhões de pessoas da miséria. Por isso, temos de continuar manejando essa realidade, mas baixar os juros é uma meta que deve ser perseguida. Teremos de encontrar um modo de fazer esse manejo sem que haja pressão inflacionária, porque precisamos de investimentos - que é o que gera empregos, o propósito de qualquer economia.

O que a senhora pretende fazer em relação ao sistema tributário?

A reforma tributária, assim como a trabalhista e a política, é, infelizmente, aquele consenso oco. Todo mundo diz que é prioridade, mas ninguém faz. Creio que três parâmetros devem nortear a discussão: oferecer competitividade à produção brasileira, estimular fortemente os processos produtivos sustentáveis - e onerar práticas que estão em desacordo com a sustentabilidade ambiental e social - e restabelecer o pacto federativo sobre novas
bases. Mas vários ajustes podem ser feitos independentemente de uma grande reforma, que pode demorar muito tempo para ser aprovada no Congresso.

Que ajustes seriam esses?

Isso é algo que ainda tem de ser pensado pela minha equipe. Aliás, não temos respostas para tudo, e acho que não precisamos ter. O Brasil não precisa de um gerente, mas de um líder, um estrategista. O presidente Fernando Henrique só conseconseguiu juntar bons economistas para fazer o Plano Real porque é um estrategista, não um gerente. O Lula só teve a clarividência de levar o Plano Real em frente e avançar com políticas sociais por ser um estrategista, não um gerente.

E quanto à reforma trabalhista?

Todo mundo concorda que é preciso rever a legislação, mas ninguém se dispõe a promover a mudança. Tenho claro que as alterações necessárias devem contemplar a necessidade de dar competitividade ao produto nacional, estimular a criação de empregos e, ao mesmo tempo, assegurar ao trabalhador que os benefícios conquistados em mais de 70 anos de luta sindical sejam preservados. Em razão disso, não há como dissociar essa discussão da que deve ser travada sobre a reforma tributária. Novamente, digo que é preciso criar um espaço político que busque o consenso ou que permita formar uma opinião hegemônica sobre os novos parâmetros que nortearão os contratos entre o capital e o trabalho.

Entre muitas pessoas, há uma percepção de que o país pararia no quesito infraestrutura caso a senhora fosse eleita presidente. Essa percepção procede?

Não há como ter crescimento sem infraestrutura e eu tenho dito isso. O que existe, porém, é uma visão de que leva muito tempo para fazer licenciamento ambiental bem feito. Isso é uma desculpa para justificar a falta de planejamento e de antecipação dos projetos.

O que pretende fazer, então, em relação à infraestrutura?

Infraestrutura é estratégia. Não podemos nos contentar com uma colagem de obras, como a que temos com o PAC. Os investimentos devem estar voltados para a promoção do desenvolvimento sustentável e para alavancar a economia de baixo carbono. Saneamento, transportes e energia são elementos-chave dessa equação. Hoje, apenas 36% do esgoto gerado no país é tratado. Esse quadro deve ser superado com rapidez, e existem recursos do BNDES e do FGTS para fomentar a expansão da rede de coleta e de tratamento de esgoto.

O que fará em relação ao déficit da Previdência?

O Brasil ainda possui uma parcela muito grande de trabalhadores na informalidade. A incorporação dessa mão de obra ao sistema previdenciário amplia a cobertura que é oferecida aos trabalhadores e também contribui para a redução do déficit da Previdência. O mais importante é criar condições para que toda a sociedade, em especial a juventude, possa contribuir para assegurar o bem-estar daqueles que se esforçaram por ela.

Que papel o Estado deve ter na economia?

O Estado não deve ser máximo ou mínimo. Defendo o Estado necessário, aquele capaz de prover o cidadão com os bens e os serviços de que ele precisa de maneira eficiente e transparente. Defendo modelos mistos para a realidade brasileira e acho que eles têm funcionado com relativo sucesso. Quem disse que tem de ser uma coisa ou outra?


O que fará em relação...

...Ao sistema tributário

Não acha possível uma grande reforma no curto prazo. Disse que pretende fazer alguns ajustes, mas ainda não sabe quais:

...À Legislação trabalhista

Pretende revisá-la para estimular a criação de empregos, mas diz que é preciso assegurar os direitos conquistados pelos trabalhadores e discutir a reforma com a sociedade.

...À previdência

Não fará mudanças. Acha que é possível equacionar o déficit ao incorporar à Previdência os jovens que estão no mercado informal de trabalho.

...Ao tripé econômico

Manterá o câmbio flutuante e os sistemas de metas de inflação e de superávit primário.

...À Infraestrutura

Os investimentos devem promover uma economia de baixo carbono. É preciso estimular o transporte coletivo movido por combustível renovável, por exemplo, e descartar termelétricas e usinas nucleares.
istema previdenciário amplia a cobertura que é oferecida aos trabalhadores e também contribui para a redução do déficit da Previdência. O mais importante é criar condições para que toda a sociedade, em especial a juventude, possa contribuir para assegurar o bem-estar daqueles que se esforçaram por ela.

Que papel o Estado deve ter na economia?

O Estado não deve ser máximo ou mínimo. Defendo o Estado necessário, aquele capaz de prover o cidadão com os bens e os serviços de que ele precisa de maneira eficiente e transparente. Defendo modelos mistos para a realidade brasileira e acho que eles têm funcionado com relativo sucesso. Quem disse que tem de ser uma coisa ou outra?

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