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sábado, 5 de fevereiro de 2011

ESPECIAL ALCIDES - PARTE 1

Fonte: JC Online

A MÃE

UMA MÃE EM BUSCA DE JUSTIÇA



Uma mãe em busca de justiçaAmanhã (5/2/2011), Dona Maria Luiza não vai esquecer do calendário. A data marca um aniversário importante em sua vida. Nada de bolo, velinhas, parabéns. É um aniversário de morte e dor. Há um ano, seu filho mais velho, Alcides do Nascimento Lins, estudante de Biomedicina residente na Vila de Santa Luzia, na Torre, foi brutalmente assassinado em sua própria casa. "Eu só sei que eu quero justiça. Meu filho não devia nada a ninguém. Sei que o tempo vai passar, mas também sei que a minha dor nunca vai se curar", desabafa.



Mais do que isso. A morte prematura de Alcides levou de Maria Luiza o seu Juca, apelido de infância, aquele que se responsabilizou desde cedo a assumir as despesas de casa e a tomar conta da mãe e das três irmãs mais novas. Com o passar do tempo, Juca transformou-se em Alcides, o Imperador. Era esse o apelido que passou a usar desde a adolescência.
E no último ano, aos poucos, Maria Luiza foi deixando de ser Lia, apelido pelo qual o estudante a chamava. Teve que aprender a lidar com o assédio da mídia, a proteção policial e a defesa dos estudantes de escola pública, que agora carrega como lema e bandeira. "Eu tenho que cumprir a missão de Alcides. Esse é o meu principal objetivo. Meu filho não vai voltar, então tudo que eu posso fazer é lutar por jovens como ele", comenta.

Com a imprensa, Maria Luiza até que estava acostumada. Alcides foi personagem de uma reportagem do Programa Fantástico, da Rede Globo, ao ser aprovado no vestibular. Difícil mesmo foi aprender a lidar com a falta e a saudade daquele que foi embora sem a chance de um simples adeus.

Ela mesma diz que nunca vai esquecer aquele dia 5. A imagem do filho agonizando em seus braços após levar os tiros virou uma companheira cruel e desleal. Maria Luiza alterna momentos de calma e serenidade com desespero e nervosismo. No dia do enterro do estudante, queria se jogar junto com o caixão, ainda abalada pela tragédia. Hoje, encontra forças para continuar e seguir a luta do filho.

Ela sobrevive e sustenta as três filhas com as bolsas de estágio que elas recebem além do auxílio financeiro que uma delas recebe da Universidade, por ser aluna carente, no valor de R$ 314,00. Maria Luiza tem o reitor Amaro Lins na mais alta conta. Diz que deve a ele o apoio financeiro e emocional que recebeu no momento em que mais precisava. Ela costuma guardar boas e más lembranças de quem passa em seu caminho.

Se o reitor é adorado por ela, o governador Eduardo Campos não teve a mesma sorte. Ela ainda não o "perdoou" pelo incidente da Escola Técnica em Camaragibe, em homenagem ao estudante. Maria Luiza não foi chamada ao palco. Depois disso, a mãe de Alcides foi até o Palácio do Campo das Princesas. Queria "tomar satisfações com o governador". Não o encontrou.

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