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domingo, 6 de fevereiro de 2011

ESPECIAL ALCIDES - PARTE 4

Fonte JC Online

PROFESSORES




UM ALUNO, UM AMIGO


Nos três anos de curso de Alcides, vários professores passaram pelo seu caminho. Com alguns, o contato foi mais acadêmico, distante. Mas com professores como Maria Eduarda Larrazabal, Paulo Miranda e Armando Marsden, o aluno desenvolveu relações de proximidade e companheirismo.

Armando recepcionou Alcides logo após ele ter sido aprovado no vestibular. Também foi orientador da primeira bolsa de iniciação científica do estudante de Biomedicina. Guarda até hoje, no laboratório que coordena, no Centro de Ciências Biológicas (CCB), o pôster do trabalho realizado pelo estudante.

A outra pesquisa de Alcides, desenvolvida no Hemope, iria concorrer ao mestrado na UFPE e Unicamp, universidades nas quais ele tinha planos de ingressar no mestrado. Um outro estudante, Fernando Baltar de Oliveira, está dando continuidade ao projeto. Uma das maiores descobertas (o primeiro resultado das análises clínicas) de Alcides no trabalho sobre anemia foi feita no dia 5 de fevereiro, horas antes de ser baleado.



O professor Paulo Miranda era coordenador do curso na época em que Alcides ingressou. Também conheceu o rapaz antes que ele entrasse na UFPE, ao lado do reitor Amaro Lins. E daí surgiu uma amizade rara de se encontrar numa relação professor-aluno. Alcides sempre ia ao Encontro de Verão de Biomedicina, na casa de praia do professor, em São José da Coroa Grande, litoral sul de Pernambuco, junto com outros estudantes. O encontro é uma espécie de confraternização do curso e sempre acontece nas férias.

Paulo costumava emprestar livros para o estudante, já que este não tinha condições de comprá-los. "Ele era exemplar até nisso. Pegava meus livros emprestados e sempre devolvia no prazo. Nunca atrasou", diz.

O professor avalia como bom o relacionamento de Alcides com os colegas de curso. "Por conta do destaque na aprovação, ele já chegou como a "estrela" do CCB, mas nunca houve qualquer tipo de desentendimento quanto à atenção que ele recebia", ressalva. A única coisa que distanciava um pouco Alcides dos outros alunos era a opção pelo não envolvimento com a política estudantil.

Ele conta que estava tentando organizar, junto com a professora Maria Eduarda, um outro local para Alcides morar, fora da comunidade. "Não dava certo mais ele ficar ali. Atraía muita inveja de algumas pessoas do local", comenta. A maior frustração de Paulo é saber que não houve tempo hábil para essa mudança. A "inveja" chegou primeiro, em forma de tiros e violência.

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