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domingo, 6 de fevereiro de 2011

ESPECIAL ALCIDES - PARTE 3

Fonte JC Online

O REITOR




MILHARES DE ALCIDES NA UFPE

"Existem milhares de Alcides na UFPE".É assim que o reitor Amaro Lins gosta de enfatizar a inserção dos estudantes egressos de escola pública na universidade. Nenhum deles, no entanto, deve ter tido o mesmo vínculo com o reitor.

Amaro Lins está à frente de uma universidade com mais de 28 mil alunos. Em oito anos de gestão, deve ter tido contato direto com poucos. E mantido vínculos com um número ainda mais reduzido. Um desses poucos estudantes foi Alcides do Nascimento Lins.



Amaro destaca a importância da trajetória do jovem, mas gosta sempre de reforçar que ele não é um caso isolado. Diz também que Alcides serve de exemplo para estudantes de todas as classes sociais. "Ele foi um exemplo para jovens de todas as situações econômicas. Hoje em dia, por conta de Alcides, muitas pessoas, de diferentes níveis sociais, me falam que resolveram voltar aos estudos ou até mesmo se dedicar às atividades que realizam", comenta.

Alcides não foi um aluno a mais na UFPE. Nem para a sociedade e nem para os professores. Menos ainda para o professor Amaro Lins, que o recebia com frequência no próprio gabinete. Um privilégio para poucos.

Amaro o conheceu logo após o estudante ter sido aprovado no vestibular. Por indicação dele, o garoto estampou, meses depois, o Manual do Candidato, organizado pela Covest para os vestibulandos da UFPE. O reitor acreditava que ao menos essa vaga no manual não deveria ser ocupada por modelos, como ocorre usualmente na publicação.

O reitor conta que no dia do listão da UFPE, em 2010, encontrou Maria Luiza emocionada, já que uma de suas filhas havia sido aprovada no vestibular. No entanto, Amaro se desencontrou de Alcides.

A mãe do garoto pediu o celular emprestado para ligar para o jovem, que iria buscá-la de bicicleta no Memorial de Medicina, Derby, local onde sempre é divulgado o resultado do vestibular da UFPE. Um ano após a morte, o número de Alcides continua na agenda telefônica de Amaro Lins.


COLEGAS

Na UFPE, não é só o reitor que vai sentir falta do jovem de sorriso contagiante. Os colegas de classe Guilherme Gomes, 25 e Mirelly Alves, 21, sabem bem disso. Mirelly trabalhou com Alcides no começo do curso, no laboratório de Micologia do Centro de Ciências Biológicas (CCB), no qual funciona o curso de Biomedicina. Ela conta que os alunos ficaram muito felizes ao saber que seriam colegas de Alcides. "Todo mundo sabia da vitória dele, por conta da situação econômica. No curso, ele sempre encontrou muito apoio", diz.

Guilherme foi um dos alunos mais próximos de Alcides. Como morava perto da UFPE, na Cidade Universitária, sempre convidava o jovem para almoçar na sua casa. "No começo, eu não sabia bem quem era ele. Lembrava da história, mas não da fisionomia. Com o tempo, fomos nos aproximando". Guilherme soube do falecimento de Alcides por meio da imprensa e de um colega de curso. Ele compareceu ao enterro e à missa de sétimo dia do estudante. Alcides concluiria o curso, junto com Mirelly, Guilherme e outros alunos no primeiro semestre deste ano. "E terminaria muito bem, tenho certeza. Ele era um rapaz extremamente esforçado", resume a jovem. Os alunos da turma de Alcides vão homenageá-lo no dia da colação de grau e no culto ecumênico, em agosto. A mãe do estudante assassinado, Maria Luiza, vai ser convidada para o culto.

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