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domingo, 6 de fevereiro de 2011

ESPECIAL ALCIDES - PARTE 2

Fonte JC online

O HEMOPE



SEM TEMPO PARA ADEUS

Alcides continua sendo, mesmo depois de um ano, um assunto freqüente nos corredores do Hemope, local onde estagiou. "Ele foi o único aluno de escola pública a estagiar aqui na área de Biomedicina", diz Marcos André, orientador do estudante na pesquisa. Outro aluno do mesmo curso, Fernando Baltar de Oliveira, assumiu o trabalho, que foi premiado na Jornada de Iniciação Científica Joaquim Nabuco, promovida pela Facepe.

Fernando teve pouco contato com Alcides na UFPE. Não havia visto as reportagens feitas na época da aprovação e tampouco conhecia a realidade econômica do rapaz. "Eu nunca soube da situação dele. Descobri após sua morte".



Ele conta que, no dia em que foi baleado (4/2), Alcides havia escrito um e-mail para uma lista de alunos de Biomedicina, avisando sobre novas vagas de estágio no Hemope. Já à noite, esses alunos, inclusive Fernando, escreveram para o jovem para tirar algumas dúvidas sobre a oportunidade. Ele não respondeu. Só no dia seguinte os alunos entenderam o porquê da ausência. Alcides havia falecido no Hospital da Restauração.

Se Fernando não teve muito oportunidade de conviver com Alcides, não se pode dizer o mesmo de Rafael Ramos. Eles estagiavam no mesmo laboratório. Rafael foi o responsável por passar os principais comandos e instruções do Hemope ao novo estagiário. Com ele, dividiu "broncas", reclamações, festas e alegrias.

Na época em que trabalharam juntos, Rafael era estudante de Biomedicina no Instituto Maurício de Nassau. Hoje, o garoto de 23 anos terminou a graduação e foi aprovado no mestrado da UFPE, onde deve começar em março. Esse seria um dos possíveis caminhos de Alcides. "No início, ele não se interessava tanto pela carreira acadêmica, mas depois que passou a conviver com os pesquisadores aqui no Hemope, já planejava fazer mestrado e doutorado", diz o diretor do local, Aderson Araújo.

Um dos objetivos almejados era a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi lá que o orientador, Marcos André, cursou mestrado e doutorado. Marcos hoje é professor da UFPE, mas não chegou a dar aulas a Alcides. Foi aprovado no concurso em março de 2010, um mês após a morte do estudante.

Marcos foi também uma das últimas pessoas a ver Alcides. Ele conta que na sexta-feira (5/2), Alcides teve o primeiro resultado de sua pesquisa. As análises clínicas tinham dado certo, o que significava um ponto importante no desenvolvimento do trabalho. Ficaram no Hemope até às 20h. Alcides se despediu de Marcos e voltou de bicicleta para casa, como habitual. Iriam trabalhar juntos na manhã do sábado (6). Naquela manhã, Marcos André percebeu que aquele "adeus" tinha sido o último.

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