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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Quem é insubstituível?

Blog do Empreendedor - Exame.com


Pedro Mello

Semana passada encontrei uma amiga do mundo corporativo que acabou de sair de uma empresa onde ficou os últimos quinze anos de sua vida profissional. Ela está passando por uma grande transformação interior, depois de ser pega completamente desprevenida por uma doença implacável. O mal foi tratado, mas, por pouco, não foi suficiente para despertar um verdadeiro exercício de auto-observação.

Por sorte os amigos aparecem na hora certa e, um comentário sincero e duro de uma amiga próxima, a fez começar a enxergar o quanto tinha se negligenciado durante todo esse tempo, dedicando todo seu tempo e energia em favor do trabalho, da “Firma”, colocando até a sua saúde em segundo plano.

Com seu despertar recente, muitos questionamentos começaram a aparecer. Nada como ter tempo para observar as insanidades que nos rodeiam! Uma delas é o processo de avaliação semestral que as empresas usam para dar direcionamento aos seus funcionários. No caso da minha amiga, ela estava chocada com o tempo que passou trabalhando árduamente em seus pontos fracos, algo que alguns “idealistas” ingênuos ainda chamam de “oportunidades de melhoria”.

Ou seja, passou grande parte desses anos todos fazendo cursos, estudando e se condicionando a suprir o seu lado negativo. Um esforço enorme, como todos sabemos. Mas em momento algum seus chefes trabalharam o seu lado mais brilhante durante as tais avaliações, para que ela brilhasse ainda mais no que é realmente boa, deixando outras pessoas do time suprirem suas supostas “deficiências”. Focaram esse tempo todo apenas nos “pontos que merecem atenção e melhoria”. Santa miopia!

Enfim… essa história me fez lembrar outra grande bobagem corporativa, aquela que diz que ninguém é insubstituível. Enquanto escrevia o post, coincidentemente, recebi um e-mail da minha mãe, Dona Dora, com uma história ótima para fechar esse post.

Aqui vai…

Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores. Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: “ninguém é insubstituível”.

A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio. Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada. De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:

- Alguma pergunta?

- Tenho sim.

- E Beethoven?

- Como? – o encara o diretor confuso.

- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?

Silêncio.

O funcionário fala então:

- Ouvi essa estória esses dias, contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso.

Afinal, as empresas falam em descobrir e reter talentos, mas, no fundo, continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.

Então te pergunto: Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico?

Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.

Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus ‘erros/ deficiências’.

Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranoico. O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.

Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.

Se o seu gerente ainda está focado em ‘melhorar as fraquezas’ de sua equipe, corre o risco de ser aquele tipo de líder técnico, que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.

Portanto nunca esqueça: Você é um talento único! Com toda certeza ninguém te substituirá!

No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e outras que vão te odiar pelo mesmo motivo. Acostume-se a isso, com muita paz de espírito”.

É bom para refletir e se valorizar! Tenha uma semana insubstituível

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